Saturday, September 09, 2006

Rum

A vida não dá. Não deixa dar e se tiver que tirar, tira. Mas a vida não proíbe, não te diz como fazer as voltas do duende, como cavalgar num unicórnio, como se pegasse num mais pequeno bocado de pântano escuro e desse uma pequena luz, de fada brilhantina, de asinhas de seda e cabelo de ouro.
A vida, madrasta, por muito que não, é como nos contos de fadas. Dá uma lição, grande. As irmãs da gata borralheira descobriram, e eu e tu também.
Não é que seja difícil, não o é, ela fa-lo por não o ser, temos é que nos descobrir, a nós, depois a nós, e só depois aos outros.
Não podemos esperar que seja fácil quando não nos conhecemos quando não descobrimos o nosso botão on dos nossos poderes mágicos. Não queria usar a palavra fácil, porque não me parece justo. Nada é fácil, apenas te custa menos ou mais. Estaria adepta de começar-mos a dizer, no mínimo, que era azul triste.
Azul triste, então, é estar fechado dentro do teu conto.
Num conto de sol vermelho do lado direito e uma lua de prata no teu lado esquerdo, de luzinhas simpáticas em volta de ti, numa fortaleza.
Uma fortaleza de areira sem pedras, sem rechas, sem nada que magoe os teus pés e no entanto tão forte que capaz de te proteger de tudo aquilo que sempre imaginas-te em pesadelos. De um Dragão gigante cuspidor de chamas e de garras de aço, de um Polvo que te engula ao segundo que não olhes para trás, de meninos perdidos e de pedrinhas de desejo más, isto é azul triste, a fortaleza e o sol e a lua são verde claro.
Verde claro é, ondinhas a rebentar. Quentes, confortantes e protectoras de um mar sem fim e de um sal sem infinito.Verde claro é bom, assim como as cores, muitas e diferentes. Como o tacto, porque acho que o tacto têm côr como o paladar, o cheiro e a audição. A visão não.
A visão proíbe-te. Proíbe-te de saboreares a vida de verdade. Tira-te as cores, por muito que aches o contrário.
De uma lição ou outra, temos sempre um final, se não é feliz para mim é porque provavelmente será para ti. Não que sejamos felizes obrigatoriamente com a miséria dos outros, porque não o sou, funciono como um espelho mágico num feitiço muito poderoso. Se é mau para quem estou é porque ... é porque tenho quase a certeza que é mau para mim também.
As pessoas que andam aí não vêem isso, andam com talas, não nos olhos, mas nos outros sentidos, é por isso que não sabem, que não vivem. Melhor respiram e vão achando que atravês de coisas menos boas são felizes. Tolos! Tolos como o irmão esperto ou o mais velho do dono do gato das botas.
E é nesta terra, de cores e sabores, nesta terra aonde o trigo jorra entre a erva verde que me entretenho, vou escrevendo o que a vida me vai ensinando, daquelas lições que quase ninguém tacteia nem prova.
Aprendam a estar mais tempo de olhos fechados e confiem na vossa fada, na vossa alma. Passem mais tempo connvosco e menos com os vossos medos.

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