Thursday, October 19, 2006

A cerca de um tal coração que bate e que se confunde com a casa das máquinas.

Ás gentes do mundo esperam-lhe pouco mais do que pouco tempo, um tempo escasso e contado, aonde o futuro é agora e o agora é passado sem falsos pretensionalismos nem rodeios desconhecidos . Um falso tempo controlado de uma forma rigorosa por milhares de militares de tic-tac’s descoordenados entre si mas presos num ciclo de mais uns tantos minutos, são a estes que um relógio brinca e vai dançando enquanto, parado, vê os outros a correr. Tic-tac, tic-tac, um segundo, outro e mais dois e enquanto eu efabulo já passaram outros tantos, tantos e tão escassos, tão areia, tão água, tão tudo aquilo que nos escorre entre os dedos e se perde porque não há tempo de sobra para começar-mos de novo.
A cidade cresce, vive com o trânsito, os carros, máquina leão de tudo e mesmo assim, por um número sem conta, são obrigados a parar. Pessoas atravessam a rua, verde, vermelho, verde amarelo vermelho, sempre e sempre. Aqui o comboio não cede, mantêm-se calmo e sereno e no seu corpo de aço se impõem entre os caminhos de Portugal, socialista como é, vai encontrando em cada paragem não uma imposição do Sr.General, mas sim uma composição mais completa, mais motivos para continuar viagem.
Vila Franca já ficou para trás e os segundos não deixaram de contar, e os segundos em minutos e os minutos em eternas horas, não muito sessenta até uma completa, que a vista não alcança numa trança com a extensão azul por cima e uns quantos verdes ao longe.
Hoje as palavras escorrem-me, como o tempo, perdem-se dentro de mim e quando por alguma razão saiem, parecem tão contra si, tão contra a sua natureza que algo bonito transforma-se num monstro de sentimentos, sem Sr.General a comandar, porque se alguma coisa que ele não pode mandar é na minha alma. Grito liberdade, como o meu povo já gritou, e decreto a abolição imediata do tempo.

Saturday, September 09, 2006

Do Avante a côr de Armação o sabor.

Rum

A vida não dá. Não deixa dar e se tiver que tirar, tira. Mas a vida não proíbe, não te diz como fazer as voltas do duende, como cavalgar num unicórnio, como se pegasse num mais pequeno bocado de pântano escuro e desse uma pequena luz, de fada brilhantina, de asinhas de seda e cabelo de ouro.
A vida, madrasta, por muito que não, é como nos contos de fadas. Dá uma lição, grande. As irmãs da gata borralheira descobriram, e eu e tu também.
Não é que seja difícil, não o é, ela fa-lo por não o ser, temos é que nos descobrir, a nós, depois a nós, e só depois aos outros.
Não podemos esperar que seja fácil quando não nos conhecemos quando não descobrimos o nosso botão on dos nossos poderes mágicos. Não queria usar a palavra fácil, porque não me parece justo. Nada é fácil, apenas te custa menos ou mais. Estaria adepta de começar-mos a dizer, no mínimo, que era azul triste.
Azul triste, então, é estar fechado dentro do teu conto.
Num conto de sol vermelho do lado direito e uma lua de prata no teu lado esquerdo, de luzinhas simpáticas em volta de ti, numa fortaleza.
Uma fortaleza de areira sem pedras, sem rechas, sem nada que magoe os teus pés e no entanto tão forte que capaz de te proteger de tudo aquilo que sempre imaginas-te em pesadelos. De um Dragão gigante cuspidor de chamas e de garras de aço, de um Polvo que te engula ao segundo que não olhes para trás, de meninos perdidos e de pedrinhas de desejo más, isto é azul triste, a fortaleza e o sol e a lua são verde claro.
Verde claro é, ondinhas a rebentar. Quentes, confortantes e protectoras de um mar sem fim e de um sal sem infinito.Verde claro é bom, assim como as cores, muitas e diferentes. Como o tacto, porque acho que o tacto têm côr como o paladar, o cheiro e a audição. A visão não.
A visão proíbe-te. Proíbe-te de saboreares a vida de verdade. Tira-te as cores, por muito que aches o contrário.
De uma lição ou outra, temos sempre um final, se não é feliz para mim é porque provavelmente será para ti. Não que sejamos felizes obrigatoriamente com a miséria dos outros, porque não o sou, funciono como um espelho mágico num feitiço muito poderoso. Se é mau para quem estou é porque ... é porque tenho quase a certeza que é mau para mim também.
As pessoas que andam aí não vêem isso, andam com talas, não nos olhos, mas nos outros sentidos, é por isso que não sabem, que não vivem. Melhor respiram e vão achando que atravês de coisas menos boas são felizes. Tolos! Tolos como o irmão esperto ou o mais velho do dono do gato das botas.
E é nesta terra, de cores e sabores, nesta terra aonde o trigo jorra entre a erva verde que me entretenho, vou escrevendo o que a vida me vai ensinando, daquelas lições que quase ninguém tacteia nem prova.
Aprendam a estar mais tempo de olhos fechados e confiem na vossa fada, na vossa alma. Passem mais tempo connvosco e menos com os vossos medos.

Monday, August 14, 2006

Pour Elizabeth

Era uma vez uma menina pequenina. Uma menina que tinha tanto de força como de bonita. Uma menina Mulher que estendia a mão se qualquer pretensão de voltar com ela cheia. Era uma vez uma menina de cabelos pretos e compridos como lã. Uma menina autêntica e capaz de nos fazer melhor com um sorriso.

Sabes que estou sempre aqui.

Obrigada.

Da tua,

Maria.

Thursday, June 15, 2006

Da tela nasce vida

Para mim, num terceiro se esconde a verdadeira sorte. Que me faça mulher e feliz.

Papoilas, Papoilas, rainhas de sí mesmas, há muito que desejava ver a nossa côr porque não é em vós o cheiro que se entrelaça com o meu pulsar. Criadas por um píncel mudo, escorregadio e sujo, cederam-me uma estória de desencantar, ilustrada por irmãs mergulhadas em azeite, fúnebres e lustrosas, que fizeram nascer nessa tela sons de um píanista feito para embalar.
Nasce a Maria, menina, no meio das mães acarinhada pela morfina da sua pele.
Cresce a Maria e a escuridão de criança sozinha e perdida reflecte-se na atracção pela noite aquando da sua queda.
Num movimento brusco a firmeza da presença de menina grita e abafa as papoílas esquecidas na loucura.
Passam-se anos, anos e anos e a Maria Mulher, crescida na noite, torna-se maior, Maios do que a lua, maior do que a miséria, maior do que a noite que a viu crescer.
Vai, ela, orientando-se por candelabros incertos, espelhos das almas urbanas espalhadas na gravilha da sua terra.
- Papoilas, Papoilas aonde estão?
O medo cobriu a Noite e a escuridão revelou-se escura, as Papoilas tornaram-se não mais do que recordações que não enchiam por dentro e a Maria, sozinha e sem final para a sua estória, procura quem a alimente, não de vida mas com uma tela em branco.

Saturday, April 22, 2006

Carrinho de choro

De olhos fundos e aguados.
O corpo pendia pelos
ponteiros


[ ao fundos três homens embriagados
mostravam o que mais frágil a sua
raça têm]


chorava numa agonia que
não era sua,
que só mostrava.
As horas não passavam,
são tormentos, senhor
punindo-nos com o que
mais tememos, o envelhecer.
Esquizofrenia quente, sufocante , peste deste século,
O tempo não existe
O tempo é nossa invenção.

Friday, March 31, 2006

Friday, March 03, 2006

De um sorriso, de um abraço, de um aperto. como tu, pintei nesta tela as saudades de meninas.
Amo-te.

Está para breve a ansiada resposta

Thursday, February 16, 2006

desabafo

neve, neve, neve, donde cais tu, neve, para onde tu vais neve?

Sinto-me deprimente como o branco, vazia e saturada.
Não consigo escrever assim, mas a vontade de o fazer para me encher faz com que o meu peito colida e a minha razão desapareça.

Saturday, February 11, 2006

Aperto

Paris gritou por mim e eu gritei. Strasbourg chorou por mim e eu chorei. Amo-vos.

Tuesday, January 03, 2006

As lágrimas secas, de quem já não pode mais, cruzavam-se com o preto esvoaçante misturado num cinzento mármoreo.


Até sempre Maria.